É tão fácil sermos otimistas quando planeamos um projeto...
O que podemos fazer para perceber se estamos a ser demasiado otimistas?
A pressão do tempo é cada vez mais forte, queremos encurtar prazos e terminar o projeto mais depressa. E não é nada fácil estimar prazos.
- Será que conseguimos fazer os projetos em 6 meses? Com jeito conseguimos em 5.
- E contratar a obra? Dizem que leva uns 3 meses, mas se decidirmos depressa e nos dedicarmos com afinco conseguimos certamente fazê-lo em 2 meses.
- Será que para executar a obra precisamos mesmo de 20 meses? Não se consegue em 18? Caramba, temos de conseguir fazer em 18, não são os 2 meses a menos que vão fazer muita diferença.
No final, temos um planeamento aparentemente inabalável. Não chega bem a ter durações impossíveis para as várias tarefas, apenas estamos a considerar que vamos conseguir ser muito eficientes... E assim se lançam as bases de um projeto e se estabelece a estratégia de desenvolvimento do mesmo.
Podemos ser ambiciosos nos objetivos, claro, mas como sabemos quando passámos um limite e já estamos a ser irrealistas? E notem que não são apenas os clientes a fazer pressão com os prazos, somos mesmo nós que temos dificuldade, ao planear as coisas, em aferir a dose certa de ambição e otimismo.
Ao longo dos anos tenho-me deparado imensas vezes com este dilema, praticamente em todos os projetos, e a experiência fez-me chegar a uma pergunta que permite calibrar a dose de otimismo.
Pois é, meus amigos, há uma pergunta que podemos fazer a nós próprios ou no calor de qualquer discussão sobre planeamento que nos permite avaliar se estamos bem ou a fantasiar.
Preparados? Aqui fica ela:
É uma pergunta simples, fácil de fazer e, curiosamente, relativamente fácil de responder.
Se a resposta for que não, não estamos a ver como é que este planeamento alguma vez pudesse ser encurtado, então estamos a ser demasiado otimistas e devemos analisar com cautela a dose certa de ambição e otimismo que estamos a colocar no projeto.
É óbvio que não podemos achar que tudo vai correr bem num projeto! Nem as pessoas e equipas conseguem fazer sprints de vários meses, nem vamos conseguir que o mundo ande à velocidade do projeto, nem vamos decidir tudo à primeira, sem qualquer iteração, nem tudo vai correr bem.
Acreditem, funciona!
Jaime Quintas
Ilustração de Ana Salvado | Todos os direitos reservados